Liberdade
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir.
Sérgio Godinho
O primeiro blog de animação sociocultural na Região Autónoma da Madeira
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Quaderns d’ Animació i Educació Social
A revista Quaderns d' Animació i Educació Social editada pelo prof. Mário Viché, conta com um novo número participado por um leque de investigadores de Portugal, Espanha, Brasil, Argentina e França. Destaque para áreas de intervenção que não são alheias à animação sociocultural, pelo contrário, cruzam-se. Está em foco neste número a política cultural, a pedagogia e a educação sociais, sem descorar a reflexão sobre a formação dos animadores em Espanha e comparativamente no Brasil.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Associação Nacional dos Animadores Socieducativos
Há um novo projeto
associativo, ainda embrionário, divulgado através de uma rede social, algo inesperado,
face ao quadro social e económico do país, mas, de todo pertinente perante o
desânimo coletivo e os desafios sociais que nos envolvem a todos.
Segundo os
seus dinamizadores a associação «(...) tem como objetivo a união dos profissionais da área da Animação, bem como, a criação de vários cursos de especialização na área da mediação. Antevemos uma grande necessidade de técnicos especializados nos próximos anos e teremos com toda a certeza um papel fundamental na restruturação do Estado Social.». Este
propósito coletivo é do ponto de vista das dinâmicas sociais, educativas e da
revitalização do papel do animador no seio da comunidade e na sua interligação
com as organizações, uma ação necessária para restabelecer e animar o papel da
mediação, entre os grupos sociais e as instituições da sociedade civil.
Na minha opinião a futura estrutura associativa poderá
revitalizar o debate em torno da discussão «sedada» sobre a uniformização da
nomenclatura profissional dos animadores (socioculturais, socioeducativos, culturais,
sociais, …), graças à designação social da associação. Este fato revela a
irreverência e a necessidade de respeitar as diferenças dentro do grupo dos
animadores. Esta designação fará reacender a discussão sobre a proposta de Estatuto
do Animador defendida pela APDASC - Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural, que defende uma única nomenclatura
profissional.
O debate sobre o papel do Estado social é uma
matéria sensível que exige um elevado sentido democrático e de responsabilidade
cidadã na sua discussão. Infelizmente, não tive oportunidade de ouvir e ler
algo sobre esse desígnio assinado por animadores. Desejo estar enganado, mas
parece-me que as preocupações dos animadores são outras que não as do Estado
social. A emergência do debate sobre o papel dos animadores socioeducativos
vinculados à mediação, tal como é vincado pelos responsáveis do organização é
extensível aos animadores socioculturais e demais agentes agregados à
intervenção social e educativa. A figura do mediador sociocultural goza de
diploma próprio definido pela Lei n.º 105/2001, de 31 de agosto de 2001, que
enquadra o seu estatuto legal.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
A Animação sociocultural e os desafios da sociedade portuguesa
Nos últimos anos a sociedade portuguesa iniciou a travessia
do deserto. Uma sociedade que produziu no imaginário social, um quotidiano de
falsas ilusões materializadas na ascensão de uma «burguesia» movida pelo
enriquecimento fácil, mas vazia de ideias para efetivar um plano de desenvolvimento
comunitário sustentado. Vivemos um «ciclo de ouro» alimentado pelos parceiros
europeus, agora pagamos a fatura da irresponsabilidade política e da ambição
coletiva em projetarmo-nos socialmente como uma sociedade de elite, e pobres em
matéria de propriedade cultural. Vivemos a ilusão de sermos uma sociedade do
futuro, fruto da indisciplina, uma leviandade transversal a todo o sistema
governativo.
Assistimos ao declínio da cultura. As instituições públicas do
setor cultural e outras com responsabilidades neste setor fomentaram a política
do subsídio, em detrimento de projetos socioculturais capazes de produzir
resultados que sustentassem programas de desenvolvimento cultural no espaço geográfico
dos territórios locais e regionais.
Os processos de democracia e democratização culturais foram
preteridos em função do espetáculo do imediatismo, do show-off, enfim, o erário
público alimentou coletividades estéreis, incapazes de continuarem a atividade
sociocultural sustentada num trabalho valorizador e de salvaguarda das raízes
culturais da comunidade. Felizmente, às exceções, são projetos que devem
continuar a serem apoiados graças ao bom trabalho de ação cultural e de
participação comunitária que foram capazes de empreender na comunidade.
Projetaram-se novos equipamentos culturais, mas os
responsáveis políticos descoraram o essencial, o planeamento e a criação de serviços
educativos desenhado para ser um mecanismo de educação não formal, um
instrumento dinâmico de aprendizagens e de educação para a cultura. Hoje temos
os recursos infraestruturais e humanos, falta-nos a visão política que sustente
o binómio educação e cultura. Talvez pela ausência e insistência absurda dos
decisores em não quererem ouvir os técnicos.
Insisto na ideia da economia social e solidária. Os recursos
comunitários continuam a ser um eixo estratégico para (re)fundar um projeto de
revitalização da economia local, um nicho de crescimento à microescala
importante para a continuidade da vida cultural das nossas comunidades,
geradora de dinâmicas económicas que não salvará as economias regional e
nacional, mas estou convicto de que alavancará a economia local. É urgente
despertar nos cidadãos os valores da solidariedade, da participação
comunitária, da cidadania comprometida com a mudança coletiva e da cultura do verdadeiro
voluntariado para que as comunidades avancem, com firmeza num processo global
de transformação social.
É expectável que os animadores socioculturais não descartem
o papel pró-ativo que devem assumir no desiderato de contribuir para a mudança
efetiva. Esta deverá estar projetada no exercício profissional dos animadores. Arrisco
a afirmar que os agentes socioculturais afrouxaram as leituras críticas sobre a
realidade e respetiva ação coletiva, «demitiram-se» da responsabilidade de
assumir categoricamente uma posição de rutura e de transformação social. Falta
alavancar com firmeza na ação a cultura do bem comum, um desiderato comunitário
e um dos desafios imediatos nos processos de animação sociocultural.
Subscrever:
Mensagens (Atom)